quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Eu, Eu Mesma e Minha Moto





Rodovia BR 101 - Bahia

(Foto de Arquivo Pessoal)

Era junho de 2013, eu nunca tinha viajado para tão longe de moto. Era um daqueles momentos, que a gente precisa se encontrar e achar algumas respostas. Embarquei totalmente desprovida de medo e com muita vontade na minha viagem interna. Eu tinha uma moto, experiência e a ideia de ir do Rio de Janeiro até Sergipe sozinha tomou conta de mim. Alguns muitos, me chamaram de louca e eu apenas me considero criativa hehe!
Conheci pessoas e algumas mulheres que viajaram de moto para longas distâncias, não lembro ninguém que tenha feito de maneira independente, mas estou certa que não é algo novo. Primeiro passo, foi pensar em todas as opções para fazer a viagem da maneira mais segura possível. Eu tinha GPS e um mapa; macarrão para remendos dos pneus e um manual de primeiros socorros para moto. Já tinha me aventurado algumas vezes mochilando para lugares próximos, então minha ideia era encontrar um camping em cada lugar que eu parasse até chegar em Sergipe. Quem viaja de moto, sabe o quanto é cansativo, então eu estava decidida a rodar apenas 400 km por dia. Sempre que eu lembrava como era meu dia a dia no trânsito da “cidade maravilha purgatório da beleza e do caos”, pensar em sair do estado de moto me parecia bastante seguro e tranquilo. Eu estava motivada, tantas mulheres já o fizeram, em uma rápida busca na internet encontrei várias histórias. Fiz um pequeno roteiro, nada muito elaborado, talvez um pouco pela falta de experiência com longas viagens; mais pra frente percebi que a falta de planejamento foi minha melhor decisão.

Bahia
(Foto de Arquivo Pessoal)


 

SANA - RJ
Decidi não sair muito cedo de casa neste primeiro dia, já que até Macaé a distancia é de apenas 150 km e este caminho eu conhecia muito bem. Saí por volta das 11h, meus vizinhos olhavam com curiosidade para a quantidade de bagagem na moto. Aos 30 minutos, me deparei com meu primeiro grande desafio, passar pela ponte Rio-Niterói de moto; eu, minha factor e meu corpinho magro, contra os ventos do vão central. Correu tudo bem, apesar de eu ter ficado relativamente nervosa após. No final da ponte, me pareceu quando olhei pelo retrovisor, que minha barraca estava desamarrando. Dei uma parada em um recuo de ônibus para apertar a aranha. No momento que eu desci da moto e pus o tripé, a moto tombou com o peso, e toda bagagem se desamarrou e veio ao chão. Fiquei ali olhando aquela cena sem acreditar, mas o sol quente não me deu tempo. Levantei a moto já sem a bagagem e me pus a organizar e amarrar tudo novamente. Alguns quilômetros depois, cheguei a um dos meus lugares preferidos, o Sana; e dessa vez estava bem frio. Desamarrei novamente toda bagagem e armei minha barraca no camping já conhecido. Conversei com 2 vizinhos de barraca, fui no bar em frente beber sozinha e em seguida fui dormir. Sentia-me muito cansada no dia seguinte e decidi permanecer no Sana mais um dia. Era um dia atípico, bastante chuvoso, gastei meu tempo curtindo a natureza e sua tranquilidade.

 
Sana - RJ
(Foto de Arquivo Pessoal)




VILA VELHA – ES
No dia seguinte acordei bem cedo, levantei acampamento e parti para Vitória; o dia no Sana amanheceu lindo, o sol brilhava apesar do frio. Era o primeiro dia que eu ia percorrer 400 km de uma só vez, era exatamente essa distância até Vitória. Fui parando a cada 100 km para descansar o corpo e algumas vezes para abastecer. A cada parada, eu sempre ouvia "é uma mulher" cada vez que eu tirava o capacete. Vários curiosos querendo saber para onde eu estava indo com toda aquela bagagem, de onde eu estava vindo e relativamente bem surpresos por ser eu mulher e estar sozinha. Correu tudo bem, exceto pelo fato de eu ter me perdido um pouco chegando à cidade porque o GPS descarregou. Parei para pedir informação e eu já estava na Praia da Costa, em Vila Velha. Fui conversando com alguns transeuntes sobre a possibilidade de acampar na praia, mas não rolou. Então eu voltei pela mesma avenida que eu tinha chegado até a praia e encontrei uma pousada. A pousada não tinha uma calçada plana em frente, quando parei a moto para obter informações aconteceu novamente, a moto tombou mais uma vez. Coletei toda minha bagagem, decidi dormir nesta pousada, pensando como eu resolveria o problema do peso na moto, no dia seguinte. Tomei um banho dos deuses e apaguei.

Villa Velha - ES
(Foto de Arquivo Pessoal)


 

SANTA LEOPOLDINA - ES
Era domingo, acordei em Vila Velha com outro dia lindo de sol, arrumei minha bagagem no posto de gasolina que ficava ao lado da pousada e coloquei na mochila algumas pedras que me ajudariam com o peso da moto. Nas minhas pesquisas antes de viajar, eu tinha encontrado uma cachoeira que fica dentro de uma pousada/ camping em Santa Leopoldina. Caminho relativamente curto até lá, apenas 50 km, porém os últimos 24 km, de uma estrada de barro bem esburacada. Acabei fazendo este trajeto em um tempo muito maior, porque tive que percorrer os 24 km a 20km/h. Lembro bem do visual maravilhoso que esta estrada tinha, mas nesta altura, meu celular tinha parado de funcionar e eu não tenho fotos desse local. Eu tinha somente uma câmera que funcionava com pilhas, e eu não tinha as pilhas. Bem, não foi uma viagem muito favorável para fotos, diferente das viagens seguintes. E falando em fotos, minha máquina já com pilhas, gastei boa parte do meu tempo nas rodovias, no meio do nada, em lugares sem nenhum sinal de vida humana, tirando fotos dos lugares mais maravilhosos que eu já tinha visto. Viajar de moto permite visualizar melhor a natureza, e digo com a experiência de quem viu com os próprios olhos, a natureza é algo realmente apaixonante e fascinante; de uma maneira que em algumas curvas meus olhos enchiam de lágrimas de tão maravilhoso. Bem, quando digo sem nenhum sinal de vida humana, estou excluindo os veículos, tirar fotos com o capacete era uma coisa, mas sem o capacete, com os cabelos ao vento, era a certeza de ouvir muitos buzinaços. 
 Eu não tinha feito nenhum contato com a pousada/ camping previamente, quando cheguei lá, já no final do dia, os últimos hóspedes estavam indo embora (provavelmente indo embora depois de um final de semana inteiro lá); o caseiro me disse que costumava dormir em casa, e sua casa ficava a alguns quilômetros dali, caminho que ele fazia de bicicleta; tudo bem então, eu não tinha opção. Fiquei completamente sozinha em um camping desconhecido, em um lugar desconhecido, no meio do nada. O caseiro gente boa até me ofereceu um quarto para que eu me sentisse mais segura, mas o céu e as estrelas daquele lugar me pareceram tão mais bonitos, que eu preferi dormir com essa vista... logo adormeci ouvindo os grilos.

 BR 101 - Bahia
(Foto de Arquivo Pessoal)



TEIXEIRA DE FREITAS – BA
As 7h o caseiro já tinha voltado. Fui explorar o lugar para conhecer a famosa cachoeira com altura de 70m e deparei-me com algo realmente maravilhoso e exuberante. Gastei algum tempo lá e decidi partir. No meu roteiro, minha próxima parada seria Porto Seguro. Porém à distância até lá era quase 550 km, certamente eu não chegaria, pelo cansaço e pela hora que peguei a rodovia. Já era quase noite quando parei numa pousada beira de estrada, em Teixeira de Freitas. Parei somente para dormir e talvez esse tenha sido o lugar que eu tenha ficado mais insegura por estar sozinha, por mim e pela moto. Embora a pousada tivesse garagem, pus cadeado na roda e levei toda minha bagagem para o quarto.

Sana - RJ
(Foto de Arquivo Pessoal)



PORTO SEGURO – BA
Pé na estrada, ou melhor, roda na estrada novamente, eu tinha pela frente quase 300 km até Porto Seguro. Eu estava muito animada pra chegar, era um lugar que realmente queria conhecer. Bem, toda a viagem estava sendo uma experiência incrível na verdade.
Tive uma companheira viajando comigo em alguns momentos, a chuva. Tipicamente junina. Assim que saí de Teixeira de Freitas, choveu torrencialmente toda a viagem. Provavelmente o momento mais tenso da viagem, além da chuva forte permanente e da pouca visibilidade, esta parte da rodovia estava muito precária, com muitos buracos e sem acostamento. Decidi seguir viagem mesmo assim, porém um pouco mais devagar. Cheguei a Porto Seguro, dei uma volta na cidade procurando um camping e o clima da cidade me fez lembrar Búzios, no Rio. Encontrei o maior camping que já estive na vida, uma verdadeira cidade para caros motor-homes; logo descobri que se tratava de um hotel/ camping, assim que entrei me deparei com uma superestrutura, o camping tinha academia, alguns quartos sofisticados e um bar muito estiloso e convidativo que ficava aberto praticamente 24h.
O camping fica situado em frente a praia, permaneci 2 dias e meio em Porto Seguro.
Chovia bastante, estive maior parte do tempo conversando com o uruguaio que administrava o bar. Um sujeito com muitas histórias para contar, ele era um ex-garçom, coincidentemente de Búzios, que estava tentando manter seu próprio negócio em Porto Seguro com seu amigo, também gringo. Posso dizer que nunca vi um trabalho tão delicado como o que ele fazia naquele bar, e ele servia apenas lanches e drinks. Fiquei um pouco impressionada com a qualidade. Entre uma conversa e outra com meu novo amigo, sempre tinha algum hóspede querendo saber detalhes da minha viagem. Era a oportunidade de contar e escutar muitas histórias, coisa que eu adoro.
 
 Bahia
(Foto de Arquivo Pessoal)



ILHÉUS – BA
Essa foi uma parada só para dormir, procurei camping quando cheguei, mas fiquei com a impressão que as pessoas nem sabiam o que era. Dei uma volta na praia pra verificar se seria possível dormir com a minha barraca, mas não me pareceu seguro. Achei uma pousada. Minha bagagem estava toda molhada, e eu pude ficar a vontade para organizar e secar tudo.


 Sana - RJ
(Foto de Arquivo Pessoal)



SALVADOR – BA
Já tinham se passado 8 dias na estrada e eu estava bem ansiosa para chegar em Salvador. Saí cedo da pousada, fiz metade do caminho e em uma dessas paradas para abastecer, fiquei sabendo que havia o ferryboat não muito longe dali, que atravessa pessoas e veículos. O meu corpo já estava bem cansado da viagem e eu decidi não mais pilotar, pelo menos até Salvador. Embarquei no ferryboat. Até chegar à capital fui conversando com um motociclista que tinha rodado 1000 km só naquele dia, wtf! Cheguei à Salvador com uma vista maravilhosa e um pôr do sol igualmente maravilhoso.
Desembarquei no porto e Salvador se mostrou imponente. Eu tinha subestimado o tamanho daquela cidade, eu não fazia ideia onde estava. Meu GPS com pouca carga, sexta feira à noite e enquanto eu pilotava tentando me encontrar, me descobri no meio de um trânsito absurdo, ruas esburacadas e pela velocidade com que o trânsito fluía, a bagagem na moto tornou-se muito mais pesada. Na época, o único lugar que eu conhecia bem era o Farol da Barra e arredores. Eu precisava chegar ao camping que ficava em Stella Maris e já tinha rodado muito sem encontrar o caminho. Até que eu parei em um posto de gasolina e um motociclista foi me conduzindo para avenida que me faria chegar em Stella Maris. Depois de alguns quilômetros decidi parar no primeiro motel que eu encontrei, fui informada que eu estava em Itapuã. Era sexta feira e eu estava em Salvador. Descarreguei minha bagagem, tomei um banho e fui para o Rio Vermelho. Como não conhecia muitos lugares, decidi conhecer a San Sebastian, porém eu tinha chegado bem antes de abrir. Fui andando pela orla a procura de alguma bebida para matar o tempo, quando conheci a Caythi e a Bia. Elas foram muito gentis com a viajante aqui e tinham aquele sotaque irresistível de fofo. Eu fiquei ali naquela conversa agradável por quase 1h e elas foram embora, e eu disse que talvez voltasse por Salvador para reencontrá-las.
Na San Sebastian aconteceu uma coincidência louca, conheci o querido Augusto e depois dele ter sido super atencioso, ter me feito companhia durante toda noite e da gente ter se divertido, descobri que ele era amigo dos meus amigos no Rio. Acho que a possibilidade disso acontecer novamente é 1 em 1 milhão. Bem, não preciso dizer que foram muitos encontros depois, no Rio e em Salvador.

 Salvador - BA
(Foto de Arquivo Pessoal)



ARACAJU –SE
Cheguei no meu destino final, com rodovias e bairros muito familiares para mim. Minha família não sabia da minha viagem, descobriram quando cheguei. Foram ao todo 9 dias viajando. Bem, permaneci 2 semanas na cidade, tempo suficiente para descansar, contar todas as aventuras e ser rotulada de corajosa e louca algumas muitas vezes hehe! Depois de 15 dias eu já estava pronta para voltar. Parei em Salvador por 2 dias na volta, e as paradas seguintes foram mais rápidas somente para dormir. Em 4 dias eu já estava no Rio. Eu, minha moto e algumas respostas que fui recolhendo pelo caminho.








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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Intercâmbio - 5 Dicas Para Se Preparar





Dublin Castle - Irlanda
(Foto de Arquivo Pessoal)





Organizei uma lista com 5 ítens que eu considero o começo de um bom planejamento para o intercâmbio. Essas são informações para estudar inglês. Para graduação, o papo é outro e eu ainda não conheço. É apenas o meu ponto de vista, alguns o farão por outros caminhos ou talvez sem muito planejamento, o que é totalmente aceitável por essa ser uma experiência individual. Lembrando também que quando falo desses ítens, está baseado na minha experiência, intercâmbio de 1 ano na Irlanda, a linda ilha esmeralda. Algumas informações podem mudar se a viagem for mais curta, inclusive as viagens com prazo inferior a 3 meses.
Uma dica para quem já consegue se comunicar no idioma que pretende estudar, se sua opção é pagar uma escola no país destino, contrate uma escola diretamente. É totalmente dispensável fazer com uma agência. Pesquise e escolha entre as escolas que possuem os certificados necessários. E aí nesse caso vai precisar fazer tudo por conta própria, escola, passagem e hospedagem nas primeiras semanas. Talvez só a escola e passagem, porque por vezes a escola já organiza o esquema de hospedagem, geralmente para as primeiras semanas. Super tranquilo.
Algumas das minhas dicas foram aplicadas por mim na prática, outras eu cheguei á conclusão que deveria ter feito. 
Here we go!

1 – CLIMA

Acredito que o clima é a primeira coisa a ser levada em consideração, para depois daí, pensar nas próximas etapas. O clima do lugar talvez seja o ponto mais importante. Bem, antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que minha tolerância ou não ao frio estão ligadas aos lugares onde morei obviamente, nordeste e sudeste. Viver em um lugar, onde a temperatura fica em média 10º, já seria bem frio para mim.
Algumas pessoas simplesmente não se importam se tá frio ou calor, se tem praia ou não; mas para o outro grupo de pessoas, não pensar que tipo de vida você terá num país muito frio ou muito quente, pode gerar algum desconforto, embora eu também saiba que o corpo se adapta. Dublin, por exemplo, é um lugar que chove frequentemente, várias vezes ao dia. A Irlanda também é um país ventoso, alguns ventos em torno de 50km/h. E não necessariamente o tempo tem aquela cara de “vem chuva aí”, não. Ás vezes tá bem solzão. São em média 250 dias por ano chovendo, logo, se tornou muito importante eu considerar essa frequência quando estava decidindo morar lá, importante avaliar com cuidado o clima em um país, se a decisão é morar por mais de 3 meses, porque, como é o caso de Dublin, pode se tornar extremamente incômodo ter frio, chuva e vento, assim, tudo junto.
Tive maravilhosos momentos morando no frio, sempre quis passar por essa experiência, embora a Irlanda não seja tão fria comparada ao Canadá, por exemplo. Porém algumas vezes, eu senti muita saudade da praia e de cachoeira. Em fevereiro de 2016 quando estava saindo de casa as 7h, fui surpreendida com uma cidade coberta de neve, mas não é habitual ter neve na capital.
Aprendi a praticidade de não usar guarda-chuva e sim casacos impermeáveis com capuz. Aliás, não se vive sem esses casacos na Irlanda, eles são parte da sua vida. A rotina diária inclui sempre ter luvas, cachecol e toca na mochila. A minha impressão, é que os dias com sol eram os dias mais felizes da vida, o programa ao ar livre com temperatura acima de 15º tinha outra cara, outro sentimento, maravilhoso.

St. Stephen's Green
(Foto de Arquivo Pessoal)



2 – IDIOMA

O próximo passo é decidir que língua você quer aprender e que tipo de cultura você deseja absorver. Você vai precisar ter disciplina para estudar, vai falar o mesmo idioma todos os dias, então é importante fazer a escolha optando por uma língua que você goste, não tem jeito. São inúmeras situações, desde a simples leitura do rótulo de um produto no mercado, como puxar conversa com alguém e até resolver problemas de banco. Resolver questões suas em outro idioma, impõe certa pressão, consequentemente são fatores que te ajudam a caminhar para a fluência.
Os irlandeses são tipicamente simpáticos e amáveis, uma dica que recebi e tentei pôr em prática em alguns momentos, era tentar conversar com algum desconhecido todos os dias, logo, puxar conversa com um nativo era sempre muito fácil e agradável. Uma vez conversando com um irlandês na estação do metrô, questionei porque ele não tinha aquele sotaque típico dos irlandeses, e ele me respondeu que quando percebia que conversava com algum estrangeiro, ele costumava falar sem sotaque, de maneira mais clara para facilitar. Fofo ele.

 
Trinity College
(Foto de Arquivo Pessoal)



3 – ONDE MORAR

O assunto moradia é outro ponto muito importante. É necessário ter noção quanto você vai gastar por mês com moradia e se vai gastar, se você consegue dividir o quarto com 1, 4, ou 8 pessoas ou se prefere quarto individual, se vai morar no centro, em outros bairros ou fora da capital, e se consegue levar numa boa a convivência com desconhecidos, com outros estudantes na mesma casa. Digo isso, porque intercâmbio não é coisa só de adolescente que terminou o ensino médio. Existem pessoas mais maduras que também decidiram estudar, e fatalmente tinham estilos de vida mais independentes. Existem outras opções, como morar com uma família nativa, morar em hostel por troca de trabalho, ou até morar em outros lugares onde você vai prestar serviço. Eu passei por essa experiência, e acredito, essa é uma decisão individual, de acordo com as questões de privacidade e financeiras de cada um.
Em Dublin, procurar um lugar para alugar, por vezes, me pareceu uma verdadeira caça ao tesouro. Semelhante à procura por emprego lá, tremendamente trabalhoso. Existe um comércio informal em torno disso que, geralmente funciona em grupos de brasileiros na rede social. Algumas opções muito boas e outras bem precárias ou disputadas. Se você optar em pagar seu próprio aluguel, sugiro, se possível for, que você tenha uma grana guardada para o tempo do seu visto ou pelo tempo que você pretende ficar, lembrando que pode haver oscilações para mais, como valores para depósito, por exemplo, cada vez que você precisar mudar. Geralmente em Dublin dependendo da localização e do conforto, o preço de um quarto ou vaga pode variar entre 300 a 700 euros mais contas. Outra ótima opção é, se você não vai viajar sozinho, com mais 1 ou 3 pessoas por exemplo, é possível que você consiga alugar um apartamento com uma imobiliária local, eu imagino ser a opção mais confortável já que você estará com pessoas conhecidas. É possível alugar formalmente um apartamento se você estiver em duas pessoas, porém morar em Dublin não é nada barato, então às vezes compensa você alugar um "quarto individual para casal" ou um flat do que pagar rios de dinheiro por um apartamento inteiro, totalmente desnecessário este gasto inicialmente. Se você tiver a oportunidade de tirar a preocupação “aluguel” do seu intercâmbio, faça.


Lucan
(Foto de Arquivo Pessoal)



4 - COMO VAI SE SUSTENTAR

Tão importante quanto o aluguel, é saber como você vai se sustentar durante este tempo. Partindo do princípio que não haverá um patrocínio no Brasil, alguém que te enviará dinheiro, você vai precisar trabalhar para viver. E ter um plano B, C e D caso não consiga emprego. Quando falo emprego, na Irlanda o estudante pode trabalhar um determinado números de horas por semana legalmente. Outros países, outras leis.  
Primeiro ponto, estude. Se você ainda não consegue se comunicar no idioma local, é mais difícil conseguir um emprego ou um bom emprego. Não é impossível, mas por via das dúvidas se dedique totalmente a aprender o idioma. Se você já consegue se comunicar, já pode tentar conseguir um emprego e esteja preparado para lavar muitos pratos. Os subempregos são bem cansativos, porém é o que tem para maioria. Mantenha o foco, seu objetivo é aprender o idioma e trabalhar vai te ajudar. E não esqueça de encarar isso como uma ótima oportunidade de aprender mais com a vida. “Ao fazer um trabalho que não imaginava, você aprende a respeitar todo tipo de profissional. Sua sensibilidade também aumenta, você aprende a se colocar no lugar dos outros e a ser mais educado.” ** Bem, eu poderia listar muitas vantagens sobre o subemprego, mas fica para um próximo post.
Existe também a possibilidade de, se você estiver na Europa, possuir passaporte vermelho (EU) e com inglês fluente conseguir um emprego formal depois de um tempo.
Na falta de emprego, se precisa de dinheiro, pense em algo que você seja bom no Brasil, e consiga uma renda informalmente, como cabeleireiro, fotografia, música, vendendo comida, fazendo drinks... algo que realmente vá gerar alguma renda. Acho importante você ter prioridades, como estar na Europa e querer viajar para vários países, mas vai precisar economizar religiosamente em outras coisas.
E por último, algo que considero importante, antes de viajar, crie uma maneira de receber dinheiro da sua família caso seja necessário. Muitas coisas podem acontecer com o dinheiro que você carrega. Tenha uma segunda opção, uma maneira de receber dinheiro numa emergência. 

Dublin
(Foto de Arquivo Pessoal)




5 - TENHA VONTADE DE APRENDER

Esteja receptivo ao novo, e não falo só do idioma o qual você decidiu aprender. Eu falo de se entregar a cultura e as pessoas.  Aprender sobre tudo. Ás vezes nós ficamos muito apegados a quem somos, apegados ao “gosto” e “não gosto”, que se misturar com outros gostos pode parecer uma perda de identidade, this is bullshit! Primeiro que eu acredito que, a necessidade de ter uma identidade, precisa por vezes ser avaliada; segundo, é o seu momento, não vai estragar isso apegado a conceitos ou crises de identidade. Conheça a comida, a música, as leis, os lugares, as pessoas... aproveite a oportunidade e se envolva com tudo que estiver ao seu redor, você só tem a ganhar. 
Good travel!


Trinity College
(Foto de Arquivo Pessoal)













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** http://www.nosnagringa.com.br/como-um-subemprego-no-exterior-vai-melhorar-sua-vida-de-6-jeitos-diferentes/