quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O Ano Sabático




Cliffs of Moher - Irlanda
(Foto de Arquivo Pessoal)

O Ano Sabático


Em janeiro de 2015 decidi sair do banco espanhol onde trabalhava há quase sete anos, para embarcar em um sonho, algo que eu já vinha amadurecendo, fazer intercâmbio.

Muito se falava que no Brasil, o ano sabático não era bem recebido e no caso de um possível retorno talvez eu tivesse alguma dificuldade para voltar ao mercado de trabalho. A princípio, eu pensava comigo, estou embarcando para melhorar meu currículo no Brasil, pensei também como seria importante ter a fluência do inglês associada a minha futura profissão. Mas hoje penso que, algumas pessoas simplesmente encontram qualquer motivo pra viajar, acho que de certa forma me tornei uma delas.

Permaneci 1 ano na Irlanda, o período que compreende a data da chegada até o dia de ir embora, eu tive a experiência mais sensacional que alguém poderia ter. Pessoas, lugares e culturas são tão diferentes quando saímos do nosso “mundinho”, que se torna impossível não ser afetado totalmente por essa experiência.  Quem pensa que viver fora do Brasil, vai te ajudar somente a aprender uma nova língua se engana. Pelo menos para uma parte das pessoas, o intercâmbio traz uma possibilidade de crescimento e amadurecimento como ser humano, e por sorte eu tinha decidido por isto também. Não muito diferente da vida cotidiana, nem tudo são flores, como nem tudo é drama. Mas à medida que eu entendo que, tudo que acontece em nossa vida nos traz algum aprendizado, qualquer que seja, estou mais aberta ao novo com gratidão. Tive inúmeros momentos tentando entender porque algumas coisas simplesmente davam muito erradas e entendi que não controlamos a vida, ela simplesmente acontece, cabe a nós o difícil trabalho de aceitar. Tive inúmeros momentos felizes, alguns deles aconteceram quando eu me dava conta que conseguia entender um pouco mais a língua todos os dias, gradativamente.

Outro dia assisti a um vídeo que Viviane Mosé contava: “Na Índia há anos atrás, um jovem antes de embarcar numa vida de responsabilidades, casamento ou em alguma profissão, saía em busca de si, e mesmo quando ele não tinha dinheiro, as pessoas faziam “vaquinhas” para ajudá-lo, era um comportamento muito incentivado, a busca de si mesmo.” Em minha opinião, é uma ótima maneira de se encontrar, embora isso possa soar estranho para nossa cultura. Conheço, por exemplo, muitas pessoas que já atravessaram a pressão de não saber o que fazer quando o ensino médio acaba, e isso é muito natural. “Na gestão de uma carreira, o projeto sabático (que tem duração média de 6 meses a 1 ano) é uma decisão conjunta entre a empresa e o profissional, que suspende suas atividades normais para dedicar-se a uma atividade que permita refletir e avaliar sua vida profissional e pessoal. Sem dúvida nenhuma, fazer uma parada no trabalho é uma grande oportunidade para qualquer um – a pessoa ganha experiência, descansa e volta mais valorizada para o mercado de trabalho.”*

Bem, sobre voltar para o Brasil, a verdade é que eu não estava preocupada, já que toda escolha implica em perdas, e, meus novos planos e nova vida me esperavam. De volta agora a minha vida em terras tupiniquins, estou descobrindo como empresas e recrutadores se comportam diante dessa experiência, e posso dizer que não há nada de negativo, parece óbvio dizer isso, mas não é. No meu caso especificamente, estou também passando por uma mudança de área, já que boa parte da minha experiência se dá em exatas e o caminho que a minha graduação ainda em andamento percorre é o de humanas.

É fato, os caminhos para um novo trabalho ou uma nova empresa são diferentes, mas estou certa que a vida trará uma nova oportunidade em breve e quem sabe, moldada ao meu novo currículo e a pessoa que me tornei.  
   



*Fonte: http://carreiras.empregos.com.br/seu-emprego/voce-sabe-o-que-e-um-ano-sabatico/ 




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